Alma-Coração Um pôr-do-sol cheio de pedaços de algodão. Como uma composição de crianças. Quando enchem cartolinas. Colam-lhes bolas de algodão e dizem que é um céu com núvens. E esse céu de algodão está lá para ser pintado de tons alaranjados. Como quando as crianças pintam com batas e deixam tudo cheio de tinta. De tantos tons, que mudariam a cor do algodão como acontece com um pôr-do-sol. E quantas cores tem um pôr-do-sol? É a típica pergunta que uma criança pode fazer.
Quantas cores tem um sorriso?
Quantas cores tem a alma?
E quantas almas não têm cor?
Algures perdido no Sul, há um banco que dá para ver o pôr-do-sol. Numa zona em que o sol se esconde na terra, e a terra fica para além da água, que no caso é uma ria. Algures nesse Sul passei mais de 45 anos com Verões em que o ocaso por vezes teve bolas de aldodão coladas ao céu, das cores que um arco-iris oferece, dentro de uma palete de gouaches, sempre que uma criança dorme. E nesse Sul mora a Saudade. Nem é por pieguisse. É porque os pés pequeninos - daqueles que ficam cheios de picos -, crescem e rumam para longe. É por isso que lá está o banco. Para sentar os que ficam. A ver o pôr-do-sol.
1 comentário:
"Não foi brilhante. Longe disso. Mas o eufemismo ajuda a não deixar gravadas passagens que pouco devem pesar. Janeiro trará novos ventos, desafios mais interessantes e bastante vontade de olhar pela frente o que tem sido ignorado. Em Lisboa, o ano despede-se com uma luz límpida. Com a luz que a cidade oferece quando quer sorrir. Menina e moça."
J.
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